Daniel olha aquela mulher revestida de lua. Qual teria sido a musa que inspirou Vespasiano Ramos, a suplicar amor assim, tão declaradamente: ‘Piedosa gentil samaritana: Venho, de longe, trêmulo, bater à vossa humilde e plácida cabana. Pedindo alívio para o meu viver! Sou perseguido pela sede insana do amor que anima e que nos faz sofrer.’
— Como está minha musa — Perguntou Daniel.
— As contrações me transportam do amor para a dor. E por mais que te veja ‘trêmulo bater à minha porta’ sou obrigada a te deixar sofrer.
Riram.
Ele pouco entendia de gravidez. E agora  precisava provocar uma fuga para que  o pensamento dela não se concentrasse na dor. Pigarreou.  E impostou a voz: ‘ ‘Tenho sede demais, Samaritana. Tenho sede demais: quero beber!’ 
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Adalberto Lima - fragmentos de Estada sem fim...(obra em construção)