A miscigenação faz do brasileiro o povo mais bonito do mundo — pensou Ravenala — Essa mistura de raças não ocorria entre os nativos do Brasil, que, embora inseridos em costumes e línguas de diferentes nações, mantinham entre si caracteres genéticos comuns a todas as raças: cabelos negros corridos, escorridos na testa e porte atlético como se todos fossem filhos de Touro Sentado. Seriam os índios descendentes de caçadores, de náufragos ou de Caim? Ela mesma tinha um pé na selva e outro na paia.
— Quero morar longe de qualquer civilização. Os civilizados são selvagens demais.
— Amo cidade grande. Se puder vir com uma praia junto... Gosto do aconchego de minha casa, quando volto à tardinha, depois de horas e horas quebrando ondas e brincando de esconder os pés na areia da praia, debaixo de um guarda-sol. Tomar uma ducha morna, uma refeição leve... e dormir pesadamente!
— Nunca pensaste em dormir ao relento? Sentir a lua prateada banhar teu corpo, e os raios do sol a acariciar-te o rosto no amanhecer?
— Sozinha? Jamais. Tenho medo do silêncio ensurdecedor. À noite, o chilrear do grilo fura meus tímpanos como o apito de um trem. Até o farfalhar da palmeira no entardecer da floresta, transmite-me som e imagem da dança dos fantasma. Amo o verde do campo, mas, por natureza, sou citadina.
— Não quis dizer sozinha. Pensei numa ilha. Sobreviver a um naufrágio e encontrar um príncipe desmaiado na praia.
— Estás vivendo o sonho de uma princesa, não o teu.
Distraidamente, Morgana permitiu que imagens de uma gruta úmida e escura invadisse o mais profundo de seu ser. Precisava remover aquelas cenas. Tinha medo de solidão, de escuro... e de tudo que a isolava do contato com o mundo exterior. Quis mudar a linha de pensamento, mas percebeu que seu medo se afastava na medida em que enfrentava o próprio medo.
— Quero morar longe de qualquer civilização. Os civilizados são selvagens demais.
— Amo cidade grande. Se puder vir com uma praia junto... Gosto do aconchego de minha casa, quando volto à tardinha, depois de horas e horas quebrando ondas e brincando de esconder os pés na areia da praia, debaixo de um guarda-sol. Tomar uma ducha morna, uma refeição leve... e dormir pesadamente!
— Nunca pensaste em dormir ao relento? Sentir a lua prateada banhar teu corpo, e os raios do sol a acariciar-te o rosto no amanhecer?
— Sozinha? Jamais. Tenho medo do silêncio ensurdecedor. À noite, o chilrear do grilo fura meus tímpanos como o apito de um trem. Até o farfalhar da palmeira no entardecer da floresta, transmite-me som e imagem da dança dos fantasma. Amo o verde do campo, mas, por natureza, sou citadina.
— Não quis dizer sozinha. Pensei numa ilha. Sobreviver a um naufrágio e encontrar um príncipe desmaiado na praia.
— Estás vivendo o sonho de uma princesa, não o teu.
Distraidamente, Morgana permitiu que imagens de uma gruta úmida e escura invadisse o mais profundo de seu ser. Precisava remover aquelas cenas. Tinha medo de solidão, de escuro... e de tudo que a isolava do contato com o mundo exterior. Quis mudar a linha de pensamento, mas percebeu que seu medo se afastava na medida em que enfrentava o próprio medo.
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Adalberto Lima - Estrada sem fim..(em construção)