Fresta
– Sozinho nesta cela solitária!? Apenas um facho de luz! O que farei? Vou escrever! Sim, vou... Mas sem nada para registrar... espere: um prego! Sorte te encontrar! Massss, posso matar... O fim não seria... bom? Ááááhhhh... CONFUSÃO! Melhor escrever!
Foi no reflexo da luz na parede contrária, meditativo, contemplativo no que criaria para abandonar a morte. Procurava combinar sua mente às palavras, relembrando o tempo que improvisava rimas nos intervalos das aulas.
Termo de 20 minutos com olhar perdido num ponto fixo. Começa a escrever na folha de cimento, em linhas de pedra. As letras manchadas por feridas:
Sei que arrisquei
má sintonia!
Ingênuo anjo,
na escuridão em dia.
A porta abria,
te vi caída:
– Larim? Larim! Socorro!
– Chamem os caras!
...COVARDES!
Aqui estou,
querendo teu sopro,
teu jazigo.
Te amo amor!
Me ajude: esforço!
Quero viver em tua lembrança,
nas gotas da injustiça!
Kaio
Após a composição adormeceu na dura cama. Sonhando, viu-a fulgurante, de braços estendidos e sorriso:
– Estarei contigo Kaio até o fim dos dias! Eu te amo! Logo estarás livre!
E a fresta não demorou a abrir!