Fresta

– Sozinho nesta cela solitária!? Apenas um facho de luz! O que farei? Vou escrever! Sim, vou... Mas sem nada para registrar... espere: um prego! Sorte te encontrar! Massss, posso matar... O fim não seria... bom? Ááááhhhh... CONFUSÃO! Melhor escrever!

Foi no reflexo da luz na parede contrária, meditativo, contemplativo no que criaria para abandonar a morte. Procurava combinar sua mente às palavras, relembrando o tempo que improvisava rimas nos intervalos das aulas.

Termo de 20 minutos com olhar perdido num ponto fixo. Começa a escrever na folha de cimento, em linhas de pedra. As letras manchadas por feridas:

Sei que arrisquei

má sintonia!

Ingênuo anjo,

na escuridão em dia.

A porta abria,

te vi caída:

– Larim? Larim! Socorro!

– Chamem os caras!

...COVARDES!

Aqui estou,

querendo teu sopro,

teu jazigo.

Te amo amor!

Me ajude: esforço!

Quero viver em tua lembrança,

nas gotas da injustiça!

Kaio

Após a composição adormeceu na dura cama. Sonhando, viu-a fulgurante, de braços estendidos e sorriso:

– Estarei contigo Kaio até o fim dos dias! Eu te amo! Logo estarás livre!

E a fresta não demorou a abrir!

Flávio Junkes
Enviado por Flávio Junkes em 12/11/2016
Código do texto: T5821223
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