O DESPERTAR DE ANNA
Diante do gesto familiar de Henrique, Anna interrompeu a frase. Deveria ter sido apenas mais uma entre tantas outras vezes em que ele deslizara a ponta do dedo sobre o nariz da namorada. No entanto, apenas naquele instante, Anna percebera: o movimento corriqueiro de Henrique era o gatilho do seu silêncio. Uma espécie de comando para que ela se calasse. Movida pela raiva, Anna não conteve o impulso e sem ponto nem vírgula ouviu-se dizendo todas as falas cortadas.