Olho Gordo

Meu pai contava que no armazém que vovô tinha, ele vendia sabão que vovó mesmo fazia.

Era feito como doce, no velho caldeirão ela fervia grande quantidade de sebo, soda cáustica e talvez outro ingrediente que com uma colher de pau sempre mexia. O processo era inteligente, tinha que chegar no ponto certo e quando a mistura na colher escorresse tava pronto o sabonete.

Acontecia, de toda vez que os ingredientes coziam, chegava uma certa vizinha que lá perto morava e não se sabe o porquê naquele dia o sabão desandava. Era uma correria, minha avó apelava pra Santa Maria, esconder a mistura àquela altura, não prestaria. E não dava outra, a mulher elogiava e as vezes até palpitava. Pronto. Isto bastava! Toda a produção do detergente artesanal perdida estava.

Era um problema desditoso, a visita da tal mulher de olho gordo.

Cláudia Machado

1/10/16

Cláudia Machado
Enviado por Cláudia Machado em 01/10/2016
Reeditado em 01/10/2016
Código do texto: T5778457
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