DOIS ESTRANHOS E UMA NOITE DE PRIMAVERA
Embora sexo fosse o primeiro item do cardápio de Catherine, o cliente daquela quinta-feira passara o tempo em silêncio, observando-a no quarto iluminado apenas por um pequeno abajur. No início, ela sentiu medo. E então o temor cedera lugar ao desconforto: os pequenos olhos verdes do sujeito pareciam analisá-la com uma expressão indecifrável. Catherine apagou o terceiro cigarro, dizendo que iria embora. Antes que ela tocasse a quantia deixada sobre o criado-mudo, o homem adiantou-se colocando ali outra pilha de notas. Catherine não pensou no dinheiro ao voltar para a cama. Dentro dela, algo havia sido fisgado pelo silêncio do cliente.
(*) IMAGEM: JACK VETTRIANO
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