DOIS ESTRANHOS E UMA NOITE DE INVERNO
A mansão era fabulosa. Impressionada, Stella seguiu atrás de seu novo cliente. Mulheres nuas, esculpidas em mármore, decoravam o corredor envidraçado que levava à ampla sala com lareira. Após fechar a porta, o homem apontou para uma mesa pintada de negro. Stella deveria subir ali, e esperar — ajoelhada — a próxima ordem. Sem a menor pressa, o cliente acomodou-se à cabeceira, dando a primeira tragada no cigarro. Uma cortina de fumaça cobriu parcialmente seu rosto, enquanto ele mandava que Stella engatinhasse de um lado para o outro sobre a superfície de madeira. Uma, duas, três vezes, e os joelhos começaram a doer, mas Stella não parecia se importar. Sua atenção havia sido capturada pelo próprio reflexo na parede de espelho. Num piscar de olhos, a inesperada lembrança: sua imagem, ainda menininha, tentando, em vão, atrair os olhares dos pais na sala.