Penso que o pinheiro ficaria bem no canto direito da sala.
Mamãe pergunta: e no topo, a estrela dourada ou um olaço vermelho?
Gosto também do som cavo, compassado, do antigo piano. Prefiro a estrela, lembrei de responder a mamãe, mas ela já se fora. A estrela porque faz lembrar o céu. Jesus nos olha lá do céu, dizia minha avó, que sabia tocar o piano agora mudo.
O Natal é amanhã. Parece que é amanhã, embora eu não sinta o cheiro inconfundível das comidas no ar. Não sinto mais nada, a não ser um peso sobre as pálpebras, que me faz dormir mais cedo do que o costume. Bobagem! É mesmo Natal. Basta ver o pinheiro no canto da sala. Papai e mamãe são muito atentos às pequenas coisas.
Que pena que não vou chegar a tempo para a ceia, para os presentes. Eu tive, quando criança, uma bicicleta vermelha. Se pudesse, montaria nela e de novo cruzaria a rua de um lado para o outro, o rosto afogueado pela alegria e pela meninice. Quero cantar uma canção, ao menos uma, quando acenderem as luzes na árvore e o som de todas as vozes se tornar um só.
Penso que ficaria bem longe deste lugar vazio, cheio de retratos enormes de gente que não me diz nada; ficaria perfeito no canto direito da sala, ao lado do pinheiro.
A estrela, mamãe, Jesus mora no céu, eu quero a estrela.
Mamãe pergunta: e no topo, a estrela dourada ou um olaço vermelho?
Gosto também do som cavo, compassado, do antigo piano. Prefiro a estrela, lembrei de responder a mamãe, mas ela já se fora. A estrela porque faz lembrar o céu. Jesus nos olha lá do céu, dizia minha avó, que sabia tocar o piano agora mudo.
O Natal é amanhã. Parece que é amanhã, embora eu não sinta o cheiro inconfundível das comidas no ar. Não sinto mais nada, a não ser um peso sobre as pálpebras, que me faz dormir mais cedo do que o costume. Bobagem! É mesmo Natal. Basta ver o pinheiro no canto da sala. Papai e mamãe são muito atentos às pequenas coisas.
Que pena que não vou chegar a tempo para a ceia, para os presentes. Eu tive, quando criança, uma bicicleta vermelha. Se pudesse, montaria nela e de novo cruzaria a rua de um lado para o outro, o rosto afogueado pela alegria e pela meninice. Quero cantar uma canção, ao menos uma, quando acenderem as luzes na árvore e o som de todas as vozes se tornar um só.
Penso que ficaria bem longe deste lugar vazio, cheio de retratos enormes de gente que não me diz nada; ficaria perfeito no canto direito da sala, ao lado do pinheiro.
A estrela, mamãe, Jesus mora no céu, eu quero a estrela.