Ínfima existência
Já era tradição, desde que me lembro, sabia quando acontecia, parecia que o dia amanhecia mais frio e os animais se escondiam em suas tocas. E acontecia com muita frequência. Pelo menos uma vez por semana o diretor aparecia no salão e dispensava todos da aula para o evento. Descalços na terra seca seguia a turma toda na maior algazarra.
Zézinho ia na frente, badalava o sino alegremente enquanto saltitava pelas pedras soltas do caminho. Eu e resto dos meninos cantávamos o hino das crianças, já sabíamos de cor. Cada um com um chumaço de capim e um copo de água benta, fazíamos chover na terra rachada.
Atrás vinham as meninas, era a vez delas, se aglomeravam animadas em torno do troféu, sete cada lado e as pequeninas embaixo. Quase não faziam força dessa vez, Dorinha era tão miúda que nem pesava no pequeno caixão de madeira.