A Traíra
Eu tinha oito anos e gostava de pescar no açude que havia próximo à casa. Certo dia fisguei uma traíra, era das grandes. Puxei o anzol e a traíra soltou-se caindo no barranco. Instintivamente pulei sobre ela, não podia deixar escapar tamanha traíra. Neste extenso duelo ao longo da ribanceira, por várias vezes ela escorregou de minhas mãos. Lembro-me como era lisa, arisca e forte. Depois de um longo e tenebroso embate barraco abaixo, dominei-a. Enganchei-a num galho e finalizei a pescaria. No trajeto até minha casa fiz questão de desfilar o troféu. A frigideira respingou no almoço ao sabor de traíra.