No Abismo





     Magnólia foi empurrada para o sumidouro. Entorpecimento estúpido. O ar trazia a consistência mole e pegajosa da podridão. O corpo debatia-se contra o limo das paredes, despencando para o ambiente gelatinoso.

               Seios arfantes, mãos atadas, a fobia da morte. A flor atolava na viscosidade fétida. Exausta, tentava encaminhar o pensamento para o simples, o ordinário, mas eram coisas que fugiam.

          Desejava, apenas, uma trepadeira que lhe entrasse pelas cavidades do ouvido e se arrebentasse em flor na boca, nos olhos, no nariz, flores roxas, orvalhadas, como aquelas que cobriam o chão nas manhãs ...
Fheluany Nogueira
Enviado por Fheluany Nogueira em 01/04/2016
Reeditado em 07/09/2017
Código do texto: T5591971
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