FIM DE JOGO

Sobre o gramado, qual bala perdida, o Artilheiro seguia ao som das vaias da torcida. Com a esperança atrapalhando as ações. Os olhos embaçados mal viram a chegada da hora de cumprir a ordem vergonhosa.

Aos quarenta e seis do segundo tempo, o escanteio em solo amigo foi cobrado. O corpo ergueu-se semelhante a uma naja. Matou a bola no peito e depois quedou-se de lado, num desmaio triste, ao mesmo tempo em que chutou bem no centro da rede do próprio time.

A grama amorteceu só o peso do corpo, não a certeza silente da perda (instintos de pai). O gol contra demorou para ser anunciado, pois tudo era perplexidade, como se o mundo prendesse a respiração para um mergulho.

No cativeiro, há horas, o dedo havia pesado no gatilho, e decretado fim de jogo.

Maria Santino
Enviado por Maria Santino em 29/03/2016
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