Apenas uma viajante

Disseram que foi minha culpa.

Naquele dia o sol nasceu acendendo meus olhos abertos, admirados. O azul índigo foi se tornado amarelo ouro por trás das nuvens de algodão, minha mãe sempre dizia que todo o amanhecer é como uma digital. Sempre me escapa um sorriso quando penso nisso.

Nasci como tantas outras, com um desejo inexplicável de voar, de olhar mais longe que minha visão podia alcançar, nasci com a ânsia de viver intensamente, "wanderlust". Escolhi seguir a estrada e rodar o mundo com gratidão, sem ver malícia ou ódio nos olhares, saboreando os sentimentos mais puros e humanos. Optei por viver cada dia como se fosse o último. Eu ainda não sabia, mas diferente de todos os outros dias da minha vida, aquele era, de fato, o último.

Ouvia sua voz, falava de mim como se eu não estivesse lá, profanava meu corpo, minha memória. O chão estava manchado de vermelho e o céu de laranja.

Naquela tarde o sol de pôs no horizonte, o espetáculo iluminava os restos abandonados dentro de sacos de lixo preto. meus olhos estavam abertos, apagados.

Alguns disseram que foi minha culpa e isso dói mais que a violência que sofri.

Não importa... Porque sei que todo pôr do sol é único.

Eliane Verica
Enviado por Eliane Verica em 04/03/2016
Reeditado em 04/03/2016
Código do texto: T5563705
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