FUNERAL

Mércia não queria acreditar que estava diante do corpo inerte de Plínio, pois ele transpirava um vigor quase eterno e insano, como era seu desprezo para com todos à sua volta.

De repente, estava ele ali sem viço, sem vida e sem maldade, servindo de espetáculo para os poucos que, como eu, se aventuraram a participar do velório naquela tarde chuvosa.

O silêncio denso era enganoso. Todos ali tinham, por trás dos óculos escuros, o pensamento fervilhando em torno das posses que aquele solteirão abastado deixara.

Ela abriu seu guarda-chuvas e balbuciou Mateus 8 - versículo 22.

Havia proferido sua prece do dia!

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 21/02/2016
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