tirania
o gato dormia sobre a tábua de passar roupas. Estava com a camisa na mão para passar mas, compadecido, não tirou a criatura do lugar. Um silêncio incomum alienava a manhã. Os carros não buzinavam, as crianças dormiam (estavam atrasadas para ir a escola). As vozes das pessoas na rua emudeceram, abriu a janela do oitavo andar e a cidade decretava estranhamente um império de taciturnidade, somente o sol comparecia para não fazer daquele dia mais estranho do que já se engendrava. Foi ao espelho e conversou com o reflexo sem emitir qualquer palavra, pois não queria atestar a loucura ou mesmo dilatá-la, não queria ser ele o estraga prazer, o subversivo da ditadura do mutismo. mudo, voltou a cama e esperava que seus direitos fossem preservados e respeitados, em silêncio