despedida

Havia na sala uma cortina e dela nasceu uma suave discussão entre a luz da tarde e a escuridão: uma leve penumbra. Seus olhos cansados miravam o movimento das sombras inquietas produzidas pelas cortinas ao passo que o vento invadia a casa. A escuridão crescia através das formas até criarem mãos negras que começaram a fechar suas pálpebras e assim a escuridão que era pequena concentrou-se sobre seu rosto fazendo-o dormiu. Quando acordou já era noite alta, um breu. Não tinha noção de quanto tempo dormira, o relógio ao lado da escada batia os segundos aprisionado nas trevas.

Não lembrava mais do que era antes de acordar. As fotos em preto e branco sobre a estante da sala pareciam mais a vontade imersas nas trevas e denunciadas pela luz da invasiva do luar. Não precisava mais das memórias do que aquele dia havia sido, não queria tirar a paz do seu lar de remanescências apertando interruptores ou usando controle remotos. Simplesmente caminhou pela casa escura que adormeceu junto dele na morte daquele dia, saiu em silencio como não quisesse acordar a sala, a cozinha e os quartos, trancou a porta pelo lado de fora e saiu pela calçada com o desejo de nunca mais voltar.

daniel mafra
Enviado por daniel mafra em 24/01/2016
Reeditado em 24/01/2016
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