ERA CERTO QUE IRIA

Acompanhou o próprio enterro já prevendo a enxurrada de almas que iriam atazaná-lo. Não tivera como recomendar a ninguém, dada sua solidão, que jogasse no caixão barato todos os patuás de proteção. Ameaçou sacar uma arma fantasma sob o terno ordinário. Nada havia. Empurrado no corredor polonês das vitimas que fizera, acordou urrando no catre de fibras encardidas de embira. Ouviu o pio de alguma ave agourenta. Mascou fumo e cuspiu num esconjurar do medo desmedido. Num relance de rabo de olho viu na nitidez da escuridão o Não Nomeado ali, rindo encorajador: iria acompanhá-lo pela manhã na próxima empreitada. Era certo que iria.

Cleo Ferreira
Enviado por Cleo Ferreira em 25/11/2015
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