Nunca dei muita atenção ao fato de que minhas vizinhas que moravam no outro apartamento em meu andar – décimo segundo, porque gosto de alturas e não tenho fobias – chamavam-se, todas, Teresa.
Também achei mais do que natural que, com a extraordinária convivência que dividíamos no saguão que separava nossos apartamentos e o tempo divertidamente gasto nas fantásticas expedições do elevador até o térreo – ou até a garagem, o que nos brindava com um tempo extra – eu acabasse me apaixonando por Teresa, que, a rigor, era apenas uma das Teresas entre as três Teresas.
Depois foi quase intuitivo que uma delas me chamasse à parte, para conversar sinceramente sobre os problemas de Teresa – quer dizer, a Teresa por quem eu estava apaixonado – e alertar-me sobre seu caráter inconstante e nervoso, pouco afeito a demonstrações de carinho. Ouvi tudo muito seriamente. E continuei apaixonado.
Depois decidimos nos desapaixonar. A minha Teresa tornou-se ainda mais interessante, sempre com algo bom a me dizer quando dos nossos encontros pelos insondáveis recantos do prédio. A outra – a fofoqueira – anunciou que iria fazer um curso de gastronomia em Tóquio e que em breve partiria em direção ao sol nascente.
A terceira Teresa era de fato singular. Quase nunca saía do apartamento e, certo dia, quando a vi parada no saguão, encarando ora a porta de madeira cor creme do elevador, ora o vão das escadas, cumprimentei-a com um sorriso simpático que a fez superar sua indecisão e disparar escada abaixo.
Fomos vizinhos por alguns anos até que um dia o apartamento ficou vazio. Perguntei ao porteiro o que havia acontecido com as Teresas. Ele me disse que Teresa – minha ex-musa – fora para Tóquio fazer um curso de gastronomia, que a outra Teresa – a fofoqueira – casara-se com um sujeito mal encarado e nervoso – segundo o gentil Duarte, o porteiro – e a terceira Teresa, bem, esta desaparecera certa noite para nunca mais aparecer.
Perguntei se as outras haviam dado queixa do desaparecimento. Duarte ergueu os ombros e disse, meio sem convicção:
- Acho que não. Sei lá... Tive a impressão de que para elas era só uma Teresa a menos.
Também achei mais do que natural que, com a extraordinária convivência que dividíamos no saguão que separava nossos apartamentos e o tempo divertidamente gasto nas fantásticas expedições do elevador até o térreo – ou até a garagem, o que nos brindava com um tempo extra – eu acabasse me apaixonando por Teresa, que, a rigor, era apenas uma das Teresas entre as três Teresas.
Depois foi quase intuitivo que uma delas me chamasse à parte, para conversar sinceramente sobre os problemas de Teresa – quer dizer, a Teresa por quem eu estava apaixonado – e alertar-me sobre seu caráter inconstante e nervoso, pouco afeito a demonstrações de carinho. Ouvi tudo muito seriamente. E continuei apaixonado.
Depois decidimos nos desapaixonar. A minha Teresa tornou-se ainda mais interessante, sempre com algo bom a me dizer quando dos nossos encontros pelos insondáveis recantos do prédio. A outra – a fofoqueira – anunciou que iria fazer um curso de gastronomia em Tóquio e que em breve partiria em direção ao sol nascente.
A terceira Teresa era de fato singular. Quase nunca saía do apartamento e, certo dia, quando a vi parada no saguão, encarando ora a porta de madeira cor creme do elevador, ora o vão das escadas, cumprimentei-a com um sorriso simpático que a fez superar sua indecisão e disparar escada abaixo.
Fomos vizinhos por alguns anos até que um dia o apartamento ficou vazio. Perguntei ao porteiro o que havia acontecido com as Teresas. Ele me disse que Teresa – minha ex-musa – fora para Tóquio fazer um curso de gastronomia, que a outra Teresa – a fofoqueira – casara-se com um sujeito mal encarado e nervoso – segundo o gentil Duarte, o porteiro – e a terceira Teresa, bem, esta desaparecera certa noite para nunca mais aparecer.
Perguntei se as outras haviam dado queixa do desaparecimento. Duarte ergueu os ombros e disse, meio sem convicção:
- Acho que não. Sei lá... Tive a impressão de que para elas era só uma Teresa a menos.