DOIS ESTRANHOS E UMA NOITE DE VERÃO
Durante toda a noite, ela e o sujeito sentado na mesa ao lado trocaram olhares. Na saída do restaurante, Alice despediu-se de seu grupo de amigos, e caminhou sozinha até o carro. Antes de alcançar a esquina, ela ouviu passos. E virou-se: o homem a seguira.
— O que você quer?
O estranho sorriu.
— Você não sabe?
Alice poderia gritar, mas permaneceu calada. Quando ele se aproximou, a mulher deu um passo para trás apoiando seu corpo contra o muro. Dentro dela, medo e desejo mediam forças. Mais um passo, ele a tocaria. Nunca o tempo passara tão devagar. Alice sentiu a respiração quente daquele homem dissolver suas defesas. Seria uma loucura entregar-se ali. Quando finalmente o desconhecido a puxou em sua direção, nada mais importava.
Dois anos após aquele encontro casual, Alice o viu na fila do cinema. Um ligeiro tremor percorreu seu corpo. Desta vez, porém, ela não o deixaria ir embora.
(*) IMAGEM: CENA DO FILME "AMOR À FLOR DA PELE"