A poesia
Ele habitava o mundo. Ela, o não-ser do mundo. O mundo era uma rede de palavras e imagens circulando velozes por uma teia de fios magnéticos. Um tecido virtual, onde habitar carecia de óculos contra o excesso de luz. O não-ser do mundo era um pequeno remanescente do ar, carregado de odores, livros em papel, estrelas distantes e quatro estações, atuando sobre árvores e corpos, que insistiam em se vestir de pele. Ela era real, mas invisível no mundo. Ele era visível, mas desvanecia entre ondas e partículas de alta tensão. Estavam ligados pela única existência capaz de transpor dimensões: a poesia. O outro de todo o mundo.