a mulher sem rosto

A princípio dirigia o carro na avenida apertada e povoada de outras máquinas até aparecer ela: caminhada suave, pernas sinuosas e coxas fartas, ombros e braços delicados onde os cabelos negros escorriam, dançavam por cima e ocasionalmente insinuavam o mistério de um feminino e desejado pescoço. Ela andava sempre a frente, queria ver o rosto dela e isso tomou a frente dos seus objetivos. Acelerou, quis entrar na mesma alameda pela esquina que a moça tomou mas bateu o carro num ônibus: afundou a lataria. Ela sumiu entre as pessoas e ele paralisou a avenida que já precariamente fluía. A noite na cama perdeu o sono, não conheceu a face da mulher sem rosto. De certa forma agradeceu, preferiu pensar numa possível decepção. Então virou para um lado e dormiu

daniel mafra
Enviado por daniel mafra em 21/10/2015
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