Maria Pataxó

Há alguns anos, quando terminei o ginásio, mudei para o interior. Precisava continuar os estudos.

Passava todas as tardes pela praça, a caminho da escola, e via aquela mulher sem graça, vendendo doces para as crianças.

Tinha grande fama, mas vendia muito pouco.

De doce, nunca gostei, mas tinha curiosidade. Decidi-me. Fui até ela, e quanto mais me aproximava, maior era o seu sorriso, que outrora, quase não se via.

– Quanto custa?

Sua resposta não demorou:

– O quê?

Perguntei:

– Qual a sua graça?

Ela respondeu:

– A que você quiser.

Sorriu novamente e me disse um nome.

Passava todas as noites pela praça, a caminho da praia e via aquela mulher, graciosa, vendendo para quem quisesse.

Tinha grande fama e vendia cada vez mais.

Ela andava.

Eu me indagava se aquilo era certo. Mas tão contraditório quanto eu, é a vida.

Numa esquina não muito longe dali, alguém esperava por ela.

Keth Rousbergue Maciel de Matos
Enviado por Keth Rousbergue Maciel de Matos em 11/10/2015
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