Maria Pataxó
Há alguns anos, quando terminei o ginásio, mudei para o interior. Precisava continuar os estudos.
Passava todas as tardes pela praça, a caminho da escola, e via aquela mulher sem graça, vendendo doces para as crianças.
Tinha grande fama, mas vendia muito pouco.
De doce, nunca gostei, mas tinha curiosidade. Decidi-me. Fui até ela, e quanto mais me aproximava, maior era o seu sorriso, que outrora, quase não se via.
– Quanto custa?
Sua resposta não demorou:
– O quê?
Perguntei:
– Qual a sua graça?
Ela respondeu:
– A que você quiser.
Sorriu novamente e me disse um nome.
Passava todas as noites pela praça, a caminho da praia e via aquela mulher, graciosa, vendendo para quem quisesse.
Tinha grande fama e vendia cada vez mais.
Ela andava.
Eu me indagava se aquilo era certo. Mas tão contraditório quanto eu, é a vida.
Numa esquina não muito longe dali, alguém esperava por ela.