PORTA ABERTA
Acordou pensando n’ELA
– a raiva e o ressentimento subitamente desfeitos.
Aí decidiu: Domingo irei vê-la.
Foi. Toc-toc... Toc-toc... Toc-toc...
Na quarta batida, ouve o barulho dos chinelos.
E então a porta se abre
– se abre como uma flor,
deixando aparecer dois olhinhos pequenos e azuis...
O homem
(novamente menino)
sorri sem jeito para a idosa,
retorce as mãos,
não encontra as palavras
– tanto tempo ausente!
Ela,
por sua vez,
estreita mais e mais os olhos,
mal acreditando no que vê...
“É você, Leonardo?”, a voz, embargada, finalmente sai.
Depois a velhinha abre um sorriso iluminado
– e aí vai reto nos braços estendidos à sua frente...
“Mãe!”, diz o homem,
amparando-a com desenvoltura.
Dona Quinquina, coitadinha, falece ali mesmo...
Não consegue suportar tanta, tanta emoção!