PORTA ABERTA

Acordou pensando n’ELA

– a raiva e o ressentimento subitamente desfeitos.

Aí decidiu: Domingo irei vê-la.

Foi. Toc-toc... Toc-toc... Toc-toc...

Na quarta batida, ouve o barulho dos chinelos.

E então a porta se abre

– se abre como uma flor,

deixando aparecer dois olhinhos pequenos e azuis...

O homem

(novamente menino)

sorri sem jeito para a idosa,

retorce as mãos,

não encontra as palavras

– tanto tempo ausente!

Ela,

por sua vez,

estreita mais e mais os olhos,

mal acreditando no que vê...

“É você, Leonardo?”, a voz, embargada, finalmente sai.

Depois a velhinha abre um sorriso iluminado

– e aí vai reto nos braços estendidos à sua frente...

“Mãe!”, diz o homem,

amparando-a com desenvoltura.

Dona Quinquina, coitadinha, falece ali mesmo...

Não consegue suportar tanta, tanta emoção!

Hélio Sena
Enviado por Hélio Sena em 25/09/2015
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