O CASO DA SENHORITA V
 

  
A moça parou de folhear a revista na minúscula sala de espera e, após consultar seu relógio, disse:

— Ele está muito atrasado.

Judite sorriu sem graça. Pontualidade não era uma das raras virtudes de Horácio. A nova cliente ainda esperaria uma hora até conseguir acomodar-se diante da escrivaninha do detetive.

Sem perder nem um segundo, a senhorita V disparou:

— Esta é a pessoa que o senhor irá seguir: Milena, minha irmã.

Horácio pegou o retrato deixado sobre a mesa. Enquanto observava a imagem de uma mulher loira, ao redor dos trinta anos, ele não conseguiu evitar o estranhamento: não havia a menor semelhança física entre as duas mulheres.

— Qual o problema com sua irmã?

A moça fez uma careta, antes de responder:

— Aposto que ela trai o marido.

Duas semanas mais tarde, a investigação estava concluída e a senhorita V retornou ao escritório. No instante em que a cliente, ansiosa, abriu o envelope lilás com as fotos do caso, Horácio deixou escapar o comentário:

— Palpite certeiro.

Os olhos da moça brilhavam de alegria diante dos flagrantes fotográficos da irmã e seu amante.

— Finalmente eu vou provar para o Dudu que ele se casou com a irmã errada.



 
(*) IMAGEM: AUDREY HEPBURN
 
Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 13/08/2015
Código do texto: T5344992
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