O CASO DO SENHOR X
O relógio de ouro brilhava no pulso esquerdo do senhor X. Agitado, o homem repetia que nunca traíra a esposa, nem desconfiava que ela tivesse um relacionamento extraconjugal. O novo cliente de Horácio convencera o detetive a aceitar seu caso pela insistência: ele tinha certeza de que estava sendo seguido. E precisava descobrir quem era a pessoa interessada em persegui-lo.
Durante duas semanas, Horácio acompanhou de perto os passos do senhor X sem encontrar o menor vestígio de outra pessoa em seu encalço. Enquanto andava pelas ruas, seu cliente olhava para todos os lados, numa atitude cada vez mais tensa e estranha.
De volta ao escritório, o senhor X era um homem prestes a sofrer um colapso nervoso. Horácio afirmou que não havia ninguém atrás dele. Porém o cliente atormentado jurava ter visto um vulto na noite anterior. E o detetive aceitou segui-lo por mais uma semana. Sete longos dias se arrastaram sem uma pista sequer que levasse ao tal perseguidor.
Na semana em que Horácio encerrou aquele caso, o senhor X foi internado numa clínica psiquiátrica com delírios de perseguição. Num fim de tarde chuvoso, sua esposa visitou-o na companhia do irmão gêmeo do senhor X. A mulher e o cunhado pareciam apressados. A todo instante, o irmão gêmeo consultava seu relógio de ouro.
(*) IMAGEM: Google