Os olhos de Amanda Schutz
Amanda Schutz nunca gostou de chamar atenção. Quando criança era a mais tímida da sala,de tão quietinha a professora pensava que era surda-muda ou autista. Nos anos 80 foi uma adolescente de ombros caídos e encurvados, os cadernos contra o peito serviam de escudo protegendo seus seios pequenos de olhares curiosos. Sempre mirava para o chão. Ninguém sabe ao certo por quais caminhos isso aconteceu, mas Amanda Schutz casou-se com um motorista de ônibus que se esforçava para conseguir um alto cargo no sindicato da sua classe. Era um homem gordo, de voz ativa e forte que gostava de rir alto entre amigos nas rodas de cerveja. Ele gostava de ser obedecido. Após anos de casamento, passou a tornar-se agressivo quando insatisfeito em tudo o que pedia para a sua funcionária de casa Amanda Schutz. Uma vez bêbado deu um soco em sua mulher. Ela botou a mão no rosto, não disse um ai. Se afastou e quando voltou na sala tinha uma faca empunhada na sinistra e com ela degolou o marido. Ela arregalou os olhos, trouxe a mão a boca, empalideceu e depois observou o cadáver do esposo com a frieza de um anatomista. Amanda schutz Carregou com calma vários sacos de lixo, carregou a caminhonete e levou até um aterro sanitário na calada da noite aonde jogou tudo fora. Fez tudo em silêncio, com discrição, por que desde pequena Amanda Schutz nunca gostou de chamar atenção