Os olhos de Amanda Schutz

Amanda Schutz nunca gostou de chamar atenção. Quando criança era a mais tímida da sala,de tão quietinha a professora pensava que era surda-muda ou autista. Nos anos 80 foi uma adolescente de ombros caídos e encurvados, os cadernos contra o peito serviam de escudo protegendo seus seios pequenos de olhares curiosos. Sempre mirava para o chão. Ninguém sabe ao certo por quais caminhos isso aconteceu, mas Amanda Schutz casou-se com um motorista de ônibus que se esforçava para conseguir um alto cargo no sindicato da sua classe. Era um homem gordo, de voz ativa e forte que gostava de rir alto entre amigos nas rodas de cerveja. Ele gostava de ser obedecido. Após anos de casamento, passou a tornar-se agressivo quando insatisfeito em tudo o que pedia para a sua funcionária de casa Amanda Schutz. Uma vez bêbado deu um soco em sua mulher. Ela botou a mão no rosto, não disse um ai. Se afastou e quando voltou na sala tinha uma faca empunhada na sinistra e com ela degolou o marido. Ela arregalou os olhos, trouxe a mão a boca, empalideceu e depois observou o cadáver do esposo com a frieza de um anatomista. Amanda schutz Carregou com calma vários sacos de lixo, carregou a caminhonete e levou até um aterro sanitário na calada da noite aonde jogou tudo fora. Fez tudo em silêncio, com discrição, por que desde pequena Amanda Schutz nunca gostou de chamar atenção

daniel mafra
Enviado por daniel mafra em 01/07/2015
Reeditado em 01/07/2015
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