FRONTEIRAS

DA SÉRIE CONTOS CURTOS

CONTO N° 22

FRONTEIRAS

Retornando de um extenuante plantão cumprido sol a sol num hospital de pronto socorro da cidade vizinha, o jovem médico tentava revigorar-se com a costumeira cerveja tomada na equidistância exata dos cento e oitenta quilometros que o separava de seu aconchegante lar, tão ansiosamente desejado a bordo de um fusquinha 73.

Enquanto pensava nos dois guris de uma relação cansada, acelerou seu bólido, que na contra mão do asfalto, se arrebentou insólito.

Acordou sem abrir os olhos num ambiente familiar. Não conseguia falar,gritar ou chorar... apenas flutuar em pensamentos e recordações. Ouvia bem distante os soluços e choramingos da companheira e filhos. Seria um sonho?

De repente, em meio ao tumulto de uma parada cardiorespiratória, percebia seus colegas de profissão gritando pelo desfibrilador e oxigênio.

Que a terra lhe seja leve.

Marco Antônio Abreu Florentino