O DOMINADOR
O jogo começara. Laura seguiu à risca todas as instruções: roupas, acessórios, local e horário. Agora lá estava ela, na tal cafeteria, usando um antiquado chapéu amarelo que atraía olhares curiosos. Constrangida, Laura tentou concentrar-se nas palavras de seu dominador:
— Você pensará apenas em mim. E sentirá prazer por isto.
Ela quis acreditar que seria exatamente como ele dissera, porém seu desconforto crescia à medida que o tempo avançava sem o menor sinal daquele homem. E então um dos garçons, sorrindo, colocou uma xícara de café sobre a mesa. Laura não havia pedido coisa alguma, mas entendeu que o homem a quem entregara seus desejos, ainda que ausente, acabara de fazer o primeiro movimento. Nunca mais um café teria o mesmo gosto.
(*) IMAGEM: EDWARD HOPPER