EPOPÉIA AMAZÔNICA

DA SÉRIE CONTOS CURTOS

CONTO N° 8

EPOPÉIA AMAZÔNICA

EPOPÉIA AMAZÔNICA

Custava a acreditar no que acabara de ler, afinal, mal tinha se formado médico e já estava sendo convocado pela Marinha, pior ainda, transferido para Manaus, cidade distante de tudo e de todos. Mas foi, com a coragem juvenil de quem deseja enfrentar novos desafios.

Embarcou no Navio Hospital ¨Oswaldo Cruz¨ e se mandou para os confins da selva, em meio aos tortuosos rios amazônicos.

Sentado na popa do navio tentando molhar as mãos nas águas barrentas do rio, relembrava os recentes acontecimentos em sua vida ao entardecer de matiz vermelho- amarelado de um pôr do sol deslumbrante no alto Juruá.

No ruído silencioso da água agitada pelo casco do navio, ouvindo o som dos animais se recolhendo para mais uma noite de estrelas reluzentes na misteriosa floresta, sentia-se isolado do mundo, mas estranhamente, não era uma sensação ruim. Parecia em êxtase, hipnotizado com natureza tão exuberante.

Despertou com um ruído estridente, semelhante ao de um pássaro. Era o triste toque de recolher do apito de marinha. Passou pela casa de máquinas, chegou no passadiço, subiu para o convés e mais ainda para o tijupá na tentativa de apreciar um pouco mais a imponente hiléia em derredor. Entretanto já era noite e só vislumbrou sombras.

Resolveu se recolher, afinal, amanhã era mais um extenuante dia de trabalho atendendo dezenas de ribeirinhos em mais uma localidade esquecida da civilização. Nessas horas a natureza também se fazia presente, só que diferente...em forma de gente.

Marco Antônio Abreu Florentino