o lado esquerdo da cama
8 horas da manhã e o despertador toca pela primeira vez. Estou deitado do lado direito da cama e o despertador está no criado mudo ao lado. Não quero me mexer, pois se eu me mexer, vou voltar a sentir aquela tristeza profunda que costumo sentir todas as manhãs desde de aquele fatídico dia. Sou obrigado a erguer a mão e desligar o despertador. Lentamente meu braço, antebraço e mão vão voltando ao seu devido lugar. Tenho medo de perceber onde eu estou e o que aconteceu, mas parece que lá no fundo do meu inconsciente, há uma esperança de que tudo isso não passou de um pesadelo. Minha mão desliza lentamente para o lado esquerdo da cama para poder encontrar a sua, mas cada vez que ela se afasta mais do meu corpo, a cama vai ficando mais fria. Quando finalmente chego ao local onde você costumava ficar deitado, não sinto sua mão e nem seu corpo, e infelizmente, nem aquele calor que você transmitia no cobertor e no seu lado da cama nas noites frias de inverno e que mudava completamente meu amanhecer, pois havia um lugar no mundo em que eu me aqueceria de uma forma totalmente diferente. Toda manhã é assim e aí chega a hora de cair em si de que eu preciso de você, mas você nunca mais vai voltar porque para onde você foi, não existe volta. .