AMOR PÉRFIDO
Quando escrevia, algo lhe permitia pressagiar a frequência do pulsar que suas linhas desencadeariam no coração da destinatária; sensível, quase podia dimensionar a amplitude do arfar ao peito daquela que, por sua vez, redigia mensagens que ele igualmente recebia. Não obstante, moderava-lhe o ímpeto o peso da invídia de que se sabia acometido; admitia que, inconcusso ou não, apoderava-se de algo que (ainda) não lhe pertencia.