AMOR PÉRFIDO

Quando escrevia, algo lhe permitia pressagiar a frequência do pulsar que suas linhas desencadeariam no coração da destinatária; sensível, quase podia dimensionar a amplitude do arfar ao peito daquela que, por sua vez, redigia mensagens que ele igualmente recebia. Não obstante, moderava-lhe o ímpeto o peso da invídia de que se sabia acometido; admitia que, inconcusso ou não, apoderava-se de algo que (ainda) não lhe pertencia.

Israel dos Santos
Enviado por Israel dos Santos em 20/04/2015
Reeditado em 20/04/2015
Código do texto: T5213911
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