(Imagem Google)


Beija –a- Flor
http://youtu.be/mZTQXxbG0Sk
 





 
    Tudo era triste, o céu cinzento, a chuva fria e fina caia. Ele precisava sobreviver, então voava, de galho em galho. Alimentava-se do que podia e da saudade que sentia. Amor antigo tem raízes, pensava, mas ele tinha família.
    Sonhava com a chegada da primavera, com sua flor preferida, grande amor de quimera. Chorava também, ao lembrar do doce perfume dela. No jardim da esperança encontrava-se só e perdido, não sabia mais cantar, não tinha forças nem mais motivos.
   Para se distrair, sobrevoava , sorrateiro, outros jardins, com bailado majestoso de um lindo anjo querubim.
    Namorava flores e mais flores, amores jamais e nunca perfeitos, e destilava sobre elas seus doces e ternos beijos, mas voltava para casa ainda mais triste, insatisfeito.
    Passarinho, livre por natureza, sentia-se preso pela dor, como se o céu o castigasse por, um dia, ter perdido o seu amor. Um beija-flor sem o seu bebedouro, sem o néctar da sua flor, essência e  razão da sua tão sofrida existência... gotas de orvalho se misturavam às lágrimas sentidas ... 
    Cansado, desiludido, não se dá conta de que chegou a primavera. Favores do céu serão em breve sua inestimável recompensa!
    Enfim, prepara-se, então, para o voo decisivo da sua vida...

    Voa, voa, beija-flor, na esperança de reencontrar o seu verdadeiro e único amor, a flor que  o enternece, o beijo mais doce...o néctar do êxtase maior...

 
 

 
Lucia Moraës
Enviado por Lucia Moraës em 17/02/2015
Reeditado em 05/06/2019
Código do texto: T5139657
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