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Não acontece todos os dias de acordar de manhã e descobrir estar morto, mas assim aconteceu com ele naquela manhã. Nunca teve interesse em ler os obituários do jornal, no máximo passava os olhos, feito aves de rapina, pelas colunas de esporte, policial ou política. Mas o destino é assim implacável, além do seu inusitado falecimento trouxe também atravessando labirintos de vernáculos e fotografias, a folha aonde estava escrito seu nome e as frases de luto e despedida.

Decidido, naquela manhã foi visitar seu cadáver, anotou o endereço e partiu. chegando ao cemitério aonde estava sendo velado percebeu então o quanto era solitário, não havia ninguém além de um agente funerário, flores ainda que viçosas, silenciosas em amarelo, roxo e branco.

chegou perto do corpo e aquele homem magro de bigodes em nada o lembrava, nem na cor nem no cabelo, pouco poderia se dizer do branco dos olhos as quais as pálpebras acortinavam. Vá em paz José de souza, disse em voz baixa, muitos de nós ainda hão de nascer, sorrir, chorar, suar e correr, ainda que não se saiba exatamente por que, mas ignorando tal detalhe, abençoado seja esse nome mundano que nos liga.

José de Souza em pé, era homem do sul do paraná, e lá aprendeu a pegar um ramo de alecrim, molhar-lo na água benta pra benzer os mortos, assim o fez antes de partir.

daniel mafra
Enviado por daniel mafra em 02/02/2015
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