BRAÇOS VAZIOS

Confesso! A guitarra, aquele solo prolongado de guitarra e a voz rouca do blues man hipnotizaram-me. Passei a temer cada móvel e cada objeto daquela sala. Fosse um abajur, fosse um sofá. Temi a escuridão quando um raio fez a lâmpada vacilar. Olhei para o cesto e o bebê dormia profundamente. Passei a temê-lo também. O clarão de outro raio deixou-me entrever um laivo de sorriso satânico naquele rosto nada inocente.

Cleo Ferreira
Enviado por Cleo Ferreira em 08/01/2015
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