DOROTY

Você estava solitária e triste esperando a noite acabar num bar sórdido de beira de estrada, quando teve o último fio de atenção despertado pelo ronco incômodo de um motor judiado. “Você deveria deixar a lua despedir-se tranquila”, disse para estranho de aparência desgrenhada. Sem dizer palavra, ele depositou as chaves sobre o balcão e cobriu seus cabelos ruivos com o chapéu surrado. Puxou a aba sobre a banda esquerda do rosto sonolento. “Há tempo para arrematarmos uma garrafa antes que o sol nos expulse”, disse num tom baixo.

Cleo Ferreira
Enviado por Cleo Ferreira em 07/01/2015
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