A dívida
Tocou a campainha no numero 3310 numa infinita avenida que ligava o subúrbio ao centro da metrópole e quem lhe atendeu foi o neto de um antigo conhecido. Disse ao rapaz que tinham uma dívida. Impossível, replicou o dono da casa, não lhe conheço. De fato não me conhece, disse com frieza então sacou da cintura um revólver e uma faca de caçador. O rapaz empalideceu, foi para dentro de casa e protegeu a mulher e os filhos por instinto empurrando para atras de suas costas e falando com raiva e medo insistiu em dizer não conhece-lo, poderia levar o que fosse de seu agrado mas por favor não machucasse sua família.
O homem lamentou a situação que acabara de criar e disse que ele lembrava muito o seu avô, pessoa que ele teve a honra de conhecer. Disse que seria breve. Não conheci meu avô, disse o rapaz ainda sentindo o sangue explodindo nas artérias. O que farei agora será feito para honrar uma dívida, lamento não poder registrar isso cartório. Colocou a arma sobre a mesa estendeu a mão sobre aquela toalha e com a faca arrancou o próprio dedo anular. Seus olhos azuis faiscaram de dor e sua face tornou-se cândida feito uma vela, entretanto se recompôs com poucos gemidos. As pessoas da casa gritaram desesperadas com o espetáculo horrendo e somente o neto o observou de olhos bem abertos e incrédulos. o gigante de olhos claros havia trazido consigo pedra de alúmen e um pano com o qual enrolou a mão ensanguentada. Deixou o anular em cima da mesa e disse que aquele resto seu lhe pertencia, estava honrada a dívida. Saiu pela porta com calma, sumiu numa esquina enquanto a família chorava abraçada sem nada entender. Mudaram de cidade um mês depois, forjarando identidades falsas com outros sobrenomes