ESTOJO VAZIO
O rosto vincado pelo tempo ampliava o cansaço que já ia pela alma. Pediu um copo de vodca ao garçom; riu, mostrando a falta de um dente. “Facilita a passagem do ar quando toco”, pensou, como se estivesse contando àquele barman a mentira que criara, numa imitação do lendário Chet Baker. O garçom empurrou-lhe o copo, receoso de que dentro daquele estojo houvesse mais que um solitário instrumento musical.