O Inferno Verde

Um santuário verde. Um paraíso dividido entre a fauna e a flora. Nos rios peixes diversos, nas matas animais silvestres compõem o cenário. À beira do rio pequenas casas, onde os caboclos habitam. Vivem do extrativismo vegetal, da caça e da pesca. No verão desmatam e queimam para plantar. Prejudicando, assim, os animais que sobrevivem mediante tantas dificuldades. O veado, a capivara, a lontra e o macaco, num vale de sofrimento e dor, viveram um martírio. É. Eles viveram de perto todo o sofrimento que nunca poderíamos supor .

Debaixo dos araçás, um veado marrom almoçava, distraído, deliciosos capins. Quando ouviu:

- Terra, amigo! É tudo! Aqui a água não alcança! - Os caboclos continuaram. - O inverno tá chegando. Vamos roçar e queimar para plantar umas manivas - o caboclo tagarela completou.

O veado ouviu e imediatamente parou de mastigar. Saiu andando de fininho, o capim entalado na goela e o desespero invadindo o coração apertado, de tanta angústia.

- Vou procurar meus amigos - disse o veado. - Essa floresta é tudo para nos.

Correndo assustado e preocupado, logo avistou a lontra que, dentro de um igarapé, mergulhava e saboreava umas piabas frescas. Fo¡ logo alarmando.

- Lontra! Sou eu, o veado.

A lontra, assustada, tentou se esconder, mas logo avistou o amigo e nadou para a beira do barranco.

- Você me assustou! Pensei que Fosse gente! - disse a lontra, ainda terminando de engolir uma piaba.

- Não pensou errado - disse o veado que imediatamente narrou o ocorrido. A lontra ficou apavorada e juntos saíram à procura dos outros amigos. A capivara e o macaco que, não muito distante dali, almoçavam. O macaco no galho de uma arvore comia sua fruta predileta - a banana. A capivara nadava dentro de um milharal inundado e se fartava das palhas do milho. Logo os dois chamaram!

-"Hei" capivara! "Hei" macaco! Perigo! - disse o veado, se aproximando.

A capivara, o macaco e mais os dois amigos, depois de se inteirarem de tudo, unidos rumaram para a florestinha. Esperavam, juntos, encontrar a melhor solução. O que parecia difícil. Os rios tinham a sucuri e as piranhas, as matas as onças e ali os homens. Estavam sem saída. Seriam queimados ou comidos pelos caboclos.

Cedo, ao romper da aurora, os homens chegaram e começaram a roçar. Dentro de algumas horas tudo estava ao chão. Os bichinhos, dentro de uma toquinha escondidos, choramingavam.

-O sol tem saído todo dia. Logo essas folhas vão secar e tudo estará acabado. Vamos morrer! - disse o veado.

- Não! Vamos fugir pelos rios. Morremos lutando! - disse a lontra.

Quando se passaram três dias, os caboclos chegaram e atearam fogo no roçado. O fogo agiu rápido e já se aproximava da toquinha, onde os bichinhos estavam decidindo, finalmente:

-Vamos - disse a lontra - como sabemos nadar, a capivara e eu, levaremos nossos dois amigos nas costa.

Puseram a ideia em prática e se lançaram no rio, imenso,

cheio de animais aquáticos ferozes. Não foram muito longe e

logo notaram que estavam sendo perseguidos. Uma enorme canoa com homens fardados seguia na direção dos sofridos fugitivos. Os homens fecharam o cerco e capturaram os quatro amigos. Eles ficaram muito assustados e pensaram que iriam acabar comidas, mas qual fora a surpresa:

-Isso aqui é bom! Ninguém vai tentar acabar conosco - comentou o macaco.

Os homens fardados eram do Ibama e capturaram os animaizinhos e os levaram para uma reserva florestal Protegida. Onde os caçadores não poderiam penetrar, ninguém. Estavam amparados.

Aqueles sofridos animais logo entenderam que o homem em tão vítima quanto eles: Da fome, do abandono e das condições precárias em que vivem, à mercê de toda sorte de doenças e miséria

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Autoria

Elvycy Kastro

Antologia Literária Grandes Escritores de São Paulo

CASA DO NOVO AUTOR - LITTERIS EDITORA

São Paulo 1997

Página 150

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Dedicatória

"Querido amigo,

te ofereço essa antologia e assim, o livro todo c/ a amizade infinida dos cunhados desgarrados.

Elvycy Kastro.

SP, 10/08/2014

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Agradecimento

Agradeço a lembrança e a dedicatória de tão importante obra da sua carreira, minha queria cunhada, "desgarrada"

Chagoso, 27/11/2014

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Elvycy Kastro
Enviado por Chico Chagoso em 27/11/2014
Reeditado em 27/11/2014
Código do texto: T5050537
Classificação de conteúdo: seguro
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