O QUE OS OLHOS NAO PODEM VER.

O QUE OS OLHOS NÃO PODEM VER.

(TEXTO: DJAVAM R. SILVA)

Mais uma noite fria congelava a alma sombria dos pobres escarnecedores cidadãos de Endsfall, um lugar tão distante e isolada, que segundo lendas Antigas, até Deus não sabia que existia.

As trevas reinavam sobre as almas enfermas de assassinos, adulteras, psicóticos e todos os outros tipos de escórias da sociedade.

A lei era de o mais forte oprimir o mais fraco, mas eis que surge uma doce mulher, pele pálida, olhar penetrante, escultura frágil, contrastante com o lugar imundo que era Endsfall.

Um velho qualquer nojento, com olhar canibal e um pálido entre seus dentes sujos diz com sua voz rouca:

_Estas perdida jovem e bela donzela?, Tenho café fresquinho e uma casa com lareira, aqui nessa friagem, sua doçura não a protegerá das doenças do tempo.

Ela docemente responde:

_Obrigado bom senhor, mas apenas preciso de um telefone.

Ele gargalha:

Hahahaha, telefone aqui? mau temos luz, se não fossem as velas e as velhas lamparinas a gás, estaríamos entregues ao breu total.

Pegue em minha mão, e passe a noite em minha casa.

Ela fica assustada, e sai as pressas, ao dar alguns passos rápidos, percebe que esta sendo seguida, e entra em uma velha pousada, onde uma mulher de uns 70 anos a recebe:

_Estamos sem quarto, sinto muito, a não ser que queira o quarto da antiga empregada.

Ela sem muita opção responde:

_Fico com ele.

O homem que a seguia esta perto da porta da pousada, ela virasse e o vê, da uma respirada forte, fecha os olhos e ao abrir, ele não está mais lá.

A noite se intensifica, todos vão dormir.

07:00 am

O relógio desperta, a cidade começa se movimentar, ouvem-se gritos, o velho Tom morreu, o velho tom foi brutalmente morto...

Todos da pequena cidade se juntam perto da praça central, onde o velho Tom encontrava-se sem um olho, a garganta cortada, sem as mãos e os pés.

O povo comenta:

Quem poderia cometer tal brutalidade.

A palidez da moça se acentua e o medo toma sua face, estaria ela no lugar mais insano do mundo?

Ao se aproximar, ela vê que o velho Tom, é o mesmo velho que tentou a assediar.

As pessoas providenciam um velório simbólico, e um enterro rápido, e logo a cidade volta ao normal como se nada tivesse acontecido.

A bela e jovem moça, caminha pela feira da praça central, onde se depara com um belo moço:

_Olá? gostaria de saber qual o nome desse anjo que os céus colocaram em meu caminho.

_Dorothy, e o seu gentil rapaz?

_Me chamo Erion, sou filho do prefeito da cidade, mas não sou nenhum burguês nojento, fique tranquila.

Um romance transpira no ar, mas é interrompido por um outro rapaz arrogante:

_perdoe-me a intromissão, sou Leonard, irmão de Erion, porém bem mais belo e inteligente, ele não passa de um fracassado metido a filósofo, quem em sã consciência deixaria de ser um doutor, para se entregar aos delírios do pensamento insano.

(Dorothy) _a filosofia me encanta, por sua abstração e realismo, ela transita pelos dois mundo, sem nem pertencer a nenhum deles.

(Leonard) _vindo de teus lábios, não nego que seja interessante e apreciável essa expressão fútil.

Logo Erion puxa Leonard, e se vão:

Desculpe doce Dorothy, pela arrogância de meu irmão, temos que ir.

Mais uma noite cai,

Todos voltam as suas casas.

3;30 am

Ouvem-se gritos, mais alguém foi morto, Endesfalls sempre foi um lugar perdido, mas não haviam existido tantas mortes em tão pouco tempo assim.

A cidade parece que acordada a horas, todos se reúnem com suas velas, e se assustam ao ver o filho do prefeito, debruçado morto, sobre a fonte da praça central, ao levantarem sua cabeça veem sem os olhos, sem a língua e com um corte no pescoço.

No amanhecer do dia, um belo funeral, o prefeito esta arrasado, seu jovem filho Leonard morto, diante dele, ele ordena que organizem-se tropas para fazer uma busca pelo assassino, a morte de seu filho não ficará impune.

Cai a noite, e a cidade continua em ritmo total de busca pelo vilão, quem matou o filho do prefeito? será que fará mais vitimas?

Erion ajuda nas buscas, ao se dispersar do grupo, ele é atraído por uma voz doce e misteriosa que o leva para um beco escuro, lá chegando ele fica com olhar surpreso, e fica imóvel, eis que surge uma bela mulher, de olhos de chamas, que o chama pelo nome, que o beija e arranca sua roupa, ele aos poucos vai voltando a si, mas ainda sem forças, a mulher diz, o que vês?

_Vejo a mais bela das mulheres, que me encanta e hipnotiza.

Ela responde, meu amor, será a ultima coisa que vês.

Então, sua visão cega-se, e ao tocar a própria face, Erion sente que não tem mais os olhos, mas um paz toma seu corpo, e aos poucos a vida é extraída de seu corpo, como uma fumaça.

Alguém grita, vejam é ela, matou Erion, é a moça nova, todos a rodeiam, com fogos e pedras e madeiras, e a envolvem em chamas, quando todos pensam que ela já estivesse morta, depois de cessar os gritos de dor e desespero, veem a mulher pálida e doce, se transformar em um corvo feio e grande, bater asas e se confundir com a escuridão e sumir para sempre.

As pessoas comentam:

_era uma bruxa, ela se foi, será que vai voltar?

Ao lado de uma das pessoas que falava, uma voz de um homem velho com um olho de vidro diz:

_Aqui ela não mais voltará, irá a outras casas, sedenta por almas velhas e imundas, penando para morrer.

DjavamRTrindade
Enviado por DjavamRTrindade em 26/11/2014
Reeditado em 18/06/2015
Código do texto: T5049760
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