AH, TE PONHAS A SALVO DO OUTRO EM TI

                (Fragmento de carta, encontrado em um baú)



(*********************************************************************************)


 
     Ah, te ponhas a salvo do outro em ti... te ponhas a salvo do outro em ti... Eu te rogo... Eu te peço... Ajuda-me: te ponhas a salvo do outro em ti... o quanto te seja possível... o quanto te seja possível... Contenha-te, o que te seja possível.
     Não te esqueças de que tudo o que fazes, ou não fazes, me repercute na alma... na vida... Não te esqueças... Dessa espécie de fidelidade  que me une  desde sempre a ti, não me há abdicação possível... Bem que tentei partir... Não me permites partir. Que posso fazer? Não deixes que tudo o que tenho feito, de quanto tenho permanecido se perca  no Nada, se esvaia no Vazio. Não permitas tal. Em nome do "sempre" que afirmaste,  não permitas tal. A jornada em todos os meus demais caminhos já está tão espantosamente difícil... Não tornes quase insuportável a vida ainda a levar... Eu não posso quebrar, tu o sabes muitíssimo bem. Tu conheces, tanto quanto eu, o nosso estranho destino nesta vida, neste mundo.