CICATRIZES
Sempre procurou separar o passado sombrio de suas conversas e relações. Esbarrou certa feita numa baforada densa que saiu da boca de Isabel direto para o seu rosto. Olhou para os dedos indicador e médio da mão direita dela. Ainda havia muito cigarro a ser tragado. Segurou com delicadeza o braço esquerdo flácido que acabara de conhecer; sem resistências conduziram-se para o boteco pé sujo da mesma calçada.
Depois de muitos tragos e copos vazios, ela tocou naquele braço direito esquelético e peludo, revelando algum calor nervoso no gesto. Roçaram-se, entorpecidos.
Entrelaçaram num olhar todo o estrago a que vida os submetera.