FRONTEIRAS
Bordejava como um navio sem rumo em meio à névoa da manhã de inverno. Tocaram-lhe o ombro. Quando virou-se uma velha de ar bondoso partiu-lhe o crânio num potente golpe. Ela jogou o porrete para o lado, apanhou um canivete e cirurgicamente extirpou as orelhas do desconhecido. Afastou-se, pensando nos potes de formol que as conservariam. Talvez um dia a reconhecessem como uma artista que namorava a morte como tema.