A partida do Guimarães
Não sei agora se era partida ou o regresso. Mas nem era domingo, e lá tava papai de terno e gravata - e guarda-pó, que tudo arremata - pra pegar o trem e ir lá dar adeus ao Guimarães, em Belo Horizonte.
O ano de Deus, pelos cálculos, ou paúculos, meus, devia ser 1955, e qualquer boa biografia do extinto gerente, dono, benemérito, da fábrica de tecidos do Brumado, da Velha Serrana e de Itaúna, há de dar essa precisão.
Embora faltasse choro, o certo é que a gravidade se impunha. O homem morrera na plenitude de sua maturidade, mal começada sua caminhada rumo à senectude, e já tava agora mergulhando na eternidade. Grande Guimarães, homem bom, que arranjara emprego pra quase toda aquela gente que vivia no povoado.
E embora os submetesse ao salário mínimo e aos rigores dos horários e penalidades severas, era reverenciado. E agora, ia, encomendado.
Ia fazer companhia a Getúlio que o antecedera
de poucos meses. E o opereariado, consternado
de verdade, caía na orfandade.