destino
quando deixou sua terra o fez de dentro de um ônibus numa estação rodoviária de tijolos sem reboco, duas plataformas calçadas com ladrilho e uma gaiola com um sabiá na parede. Não havia ninguém lá além dele, o motorista, um senhor carregando galinhas e um saco de farinha ao seu lado, na janela do ônibus botou a cabeça pra fora e deu um adeus sorridente aos pais chorosos e aos 6 irmãos de bermuda e chinelo, os quais ganharam a folga na roça pra se despedirem do mais velho. O ônibus manobrou e partiu, a distancia foi devorando tudo o que ficava pra trás. Ouviu da mãe aos prantos, telefone quando chegar. Foram três dias de estrada e paisagens tantas. Chegou na capital e lá desembarcou num suntuoso palácio, palavra que aprendeu na cartilha da quinta série, aonde centenas de ônibus estacionavam e saíam e milhares de pessoas chegavam e partiam, mas que lugar! andou o dia inteiro com a mochila nas costas, buscava um endereço. Quando passou por um enorme comércio de 6 enormes portas ficou maravilhado com tanta coisa pra vender. Camas, guarda-roupas de príncipes, geladeiras tantas, fogões de vários modelos mas ficou mesmo emocionado quando passou em frente a câmera de segurança e se viu dentro de duas enormes televisões. Sorriu emocionado e correu até o próximo orelhão. Primeiro para contar a mãe que já estava na metrópole e depois pediu para correrem até a lanchonete duas esquinas de casa aonde havia uma televisão enorme para os clientes, eles teriam a maior surpresa de suas vidas.