O príncipe
O persa tornou-se o último prisioneiro de uma torre esquecida entre muitas no labirinto do brooklin paulista, mas também acabou consagrado com o título do mais novo príncipe de uma cobertura aonde aprendeu a se conformar com a maciez do melhor da tapeçaria oriental. Nada corrompia o marasmo de sua rotina: A paisagem pétrea, um rio ladeado por avenidas congestionadas de carros ruidosos, pequenos e inalcançaveis , o peixe no aquário sofria um eterno ostracismo, o novelo de lã as vezes era útil e um urso de pelúcia fazia uma companhia artificial e eficaz para um dialogo unilateral, era um bom ouvinte. Numa tarde assistiu a um assassinato cruel ocorrido numa janela alguns degraus abaixo no edifício ao lado. O facínora o encarou de lá e se ele, o persa, compreende-se leitura labial decifraria a mensagem:"sei que posso confiar em você", em resposta largou um miado cínico, qualquer coisa desanimado. A paz apenas lhe abandonava quando sua dona voltava da rua sempre quando as luzes do abajur e do lustre se incandesciam lânguidas e o por-do-sol de carmim anunciava a escuridão. Ela largava os sapatos na sala e ele Curioso se aproximava com cuidado daquele couro valioso e cheirava-o profundamente pra depois se afastar daquilo horrorizado: aqueles calçados sempre traziam consigo um cheiro terrível e atraente de liberdade vindo de calçadas e ruas as quais nunca pisou.