Verão de 98
Lembrou com saudade do seu fusca 76 na auto-estrada num verão de 98, sentido litoral. Acelerava muito, queria impressionar a namorada. Chegando perto dos 80km/h, as árvores e os morros se aproximavam e se distanciavam mais rápidos (que cinema!) mas era muito barulho para pouca velocidade, qualquer coisa entre uma escola de samba turbinada e um liqüidificador com parafusos no copo. O velocímetro sofria um peso inexplicável aproximando-se dos 90km/h, foi quando ela levou um susto com um tiroteio vindo do motor fora do ponto. Algo assustador até mesmo para os padrões de um filme de faroeste. Mas o que é isso? perguntou ela. a preocupação aumentou sentindo o cheiro forte de gasolina. Sem tirar as mãos da direção, ele tinha em um dos dedos um cigarro Derby, no rosto um Ray-ban verde mar, vento nos cabelos e na boca um sorriso venturoso, com o qual respondeu assim: " Calma gata, segure firme, estamos rompendo a barreira do som!" fechando as gavetas da memória pensou: já não fazem mais carros como antigamente.