Aspirina

Sozinho em casa nadava nas águas silenciosas e escuras de uma interminável madrugada. Descobriu no Medo um tubarão invisível, saliente, provocando-o com labor incansável. As venezianas uivavam, toda a madeira da casa rangia indesejável e alguns sons incompreensíveis assombravam de distancias oscilantes. Embaixo do limite frágil de um cobertor, queria mesmo era ser um comprimido de aspirina e que fosse sua cama uma gaveta! encolhia-se, diminuia-se, suando frio e com aflição, provocou o desespero de uma cãibra e das janelas descobriu o alívio iluminado da alvorada: não sabia se suspirava ou chorava

daniel mafra
Enviado por daniel mafra em 29/06/2014
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