Segunda Vez

- Não! Não é assim não cara. - disse o mais experiente dos dois interrompendo o outro - Você tem que chegar mais perto, chegar junto tá ligado? Colar o rosto mesmo, sentir o calor. Isso, assim, tá vendo como tá melhor?

- Aham. - respondeu o outro ainda um pouco nervoso.

- Continua, vai. Segura firme. Sente cada centímetro dessa maravilha. Se precisar usa as duas mãos. O importante é fazer com vontade, com gana mesmo, tá entendendo?!

- Assim tá legal?

- Tá ótimo, você pegou o jeito rapidinho, viu só?! Da segunda vez é sempre melhor.

- É, tô vendo. - assentiu o rapaz.

- E agora o que você faz?

- Agora eu... eu... atiro!

Com as mãos amarradas e os olhos parcialmente vendados com um pedaço velho de pano rasgado, a mulher que estivera aguardando o desfecho de toda aquela situação, apavorada, pôde ouvir nitidamente o barulho feito pelo revólver calibre 38 quando este atingiu o chão segundos depois de seu próprio corpo ir de encontro ao mesmo. E viu em meio a névoa acinzentada que encobria seus olhos o homem, que lhe havia tirado a vida, se afastar.

William Schmahl Barros
Enviado por William Schmahl Barros em 26/06/2014
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