Segunda Vez
- Não! Não é assim não cara. - disse o mais experiente dos dois interrompendo o outro - Você tem que chegar mais perto, chegar junto tá ligado? Colar o rosto mesmo, sentir o calor. Isso, assim, tá vendo como tá melhor?
- Aham. - respondeu o outro ainda um pouco nervoso.
- Continua, vai. Segura firme. Sente cada centímetro dessa maravilha. Se precisar usa as duas mãos. O importante é fazer com vontade, com gana mesmo, tá entendendo?!
- Assim tá legal?
- Tá ótimo, você pegou o jeito rapidinho, viu só?! Da segunda vez é sempre melhor.
- É, tô vendo. - assentiu o rapaz.
- E agora o que você faz?
- Agora eu... eu... atiro!
Com as mãos amarradas e os olhos parcialmente vendados com um pedaço velho de pano rasgado, a mulher que estivera aguardando o desfecho de toda aquela situação, apavorada, pôde ouvir nitidamente o barulho feito pelo revólver calibre 38 quando este atingiu o chão segundos depois de seu próprio corpo ir de encontro ao mesmo. E viu em meio a névoa acinzentada que encobria seus olhos o homem, que lhe havia tirado a vida, se afastar.