cubo de rubik
O cego de bengala alcançou com esforço, paciência e bom humor o flanco da avenida pois como se podia esperar, tudo no mundo tem a sua beirada. Reconhecendo seus limites, agora ansiava por um improvável semáforo. Duas da tarde: o calor de dezembro decretava a nova tirania. Era época de feriado e a correnteza de carros tornava impossível a passagem. Do outro lado um aleijado sonhava com as pernas daquele senhor de óculos escuros e bengala além dos carros, na outra margem do rio de seis pistas. Engenhoso, já traçava planos para ambos. Por capricho do destino estavam no hora errada e no lugar errado. Mas essa era a parte mais fácil da equação: rezava para que o homem de bengala não fosse surdo também, temia que ele arriscasse uma travessia.