o homem da tela
Jantou e avisou a sua senhora que ele estava atrasado. Foi ao quarto e vestiu a calça combinada com o terno cinza. pediu uma gravata a mulher e a camisa engomada. Calçou os sapatos engraxados pela manhã. Olhando no espelho aparou bigode e sobrancelha, penteou o cabelo (grisalho e bem arrumado). sentou-se em frente a televisão e a ligou: imagem preto e branco, é hora do jornal. Admirou o homem da tela e elogiou o terno e a gravata dele, disse que ele era muito elegante, mas o repórter continuava a dar notícias sem se ater ao elogio: quanto profissionalismo! quanta seriedade ! pensou, não podia parar nem para agradecer suas singelas palavras. o homem do jornal merecia seu respeito e o seu melhor terno, imagina se o visse de chinelos pela casa? que vergonha. quando acabou o jornal, mudou de roupas, vestiu um pijama, deixou a dentadura no copo e abraçou sua senhora na cama até a hora do sono